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CICAS luta para se manter aberto
Marina Mantovanini especial para o Catraca Livre em 03/08/10
Criado por uma comunidade artística e comunitária, o CICAS (Centro Independente de Cultura Alternativa e Social) recuperou, em 2007, um galpão abandonado há mais de uma década e o transformou em um Centro Cultural para a comunidade do Jardim Julieta, zona norte da cidade de São Paulo.
Com a proposta de desenvolver melhorias sustentáveis para a região e levar arte e lazer aos moradores, o espaço contém biblioteca, estúdio musical, palco para shows e apresentações artísticas, almoço comunitário aos finais de semana, oficinas, cursos, iniciação musical, dança, literatura, entre outros.
Fundado em 2007, o CICAS agora luta para se manter no galpão que pretende ser demolido pela Subprefeitura Vila Maria/Vila Guilherme. Em entrevista ao Catraca Livre, o fundador e gestor Luiz Carlos Sendro Junior conta como está o processo. Leia abaixo.
Vocês já tentaram alguma regularização do galpão que utilizam?
Desde o inicio, procuramos as autoridades para a regulamentação do Galpão e do terreno. Nunca conseguimos ser formalmente atendidos, éramos ludibriados e encaminhados a outros órgãos pela Subprefeitura de Vila Maria/Vila Guilherme, que até então não assumia a responsabilidade da área. Até o inicio deste ano, onde foi iniciada uma reforma na Praça onde esta localizado nosso galpão começaram alguns boatos, de que toda a praça (que é bem grande) ia ser revitalizada e que o nosso espaço e o Grêmio Esportivo, nosso vizinho, não estariam no projeto. Procuramos esclarecimentos e novamente não fomos recebidos, mesmo enviando ofícios para a Sub Prefeitura não obtínhamos resposta alguma.
Como foi a ação da prefeitura? Porque eles querem retirar o CICAS do espaço?
No dia 10 de junho deste ano, um Fiscal da Subprefeitura, acompanhado de seguranças armados e da Guarda Civil Metropolitana, nos comunicaram verbalmente que devíamos sair do local até o dia seguinte. Procuramos o Subprefeito, que estava de férias e foi representado pelo seu Chefe de Gabinete, que nos recepcionou alegando não ter conhecimento da iniciativa no Local. Nos defendemos apresentando documentos oficiais de parcerias com a própria Sub Prefeitura e outras secretarias. Ele prometeu que enviaria no dia seguinte um engenheiro para rever a situação, mas o que aconteceu foi que o mesmo fiscal que havia nos comunicada anteriormente voltou, com a Policia Militar e um numero considerável de funcionários da sub -prefeitura que adentraram o espaço retirando todo o nosso patrimônio do local, sem nenhum tipo de notificação, mandato, nada oficial e nada respeitoso. Tentamos então recorrer a todo tipo de ajuda: contatamos a mídia, parlamentares, advogados, ministério publico, a USP, diversos coletivos culturais e armamos uma frente de resistência. Dois dias após, nova investida da Sub-prefeitura enviando tratores, novamente acompanhados da Policia Militar. A Sub-prefeitura de Vila Maria/Vila Guilherme, afirmava não ter conhecimento da iniciativa, mesmo com os convênios e prêmios públicos que já havíamos conquistado. Afirmava também que a Comunidade era a favor da derrubada, que ficou claramente provado o contrário.
Qual é a importância do CICAS para a comunidade?
Além da interferência física no espaço comunitário, de recuperação, é um exemplo vivo de que as pessoas unidas e organizadas podem tornar possível um sonho. Acreditamos que o papel social que trouxemos nos últimos três anos foi o desenvolvimento de opções lazer, saúde, entretenimento seguro e educativo para a região. Isso tem sido fundamental para a mudança do comportamento social: menor índice de violência. É importante citar também que somos participativos nas relações de interesse da comunidade perante o poder publico, e que denunciamos em diversos meios, impressos e virtuais, os principais problemas que diretamente nos afetam.
Desde quando vocês ocupam o espaço? Quantas pessoas vocês atendem?
Desde 18 de março de 2007 que as portas foram abertas. Trabalhamos intensamente para dar condições humanas ao espaço. Hoje atendemos por volta de 1000 pessoas por mês que são beneficiadas nas diferentes áreas de atuação do projeto.
Como está o processo de desapropriação no momento?
Protocolamos nossa defesa, fizemos uma mobilização bastante grande, pressionamos por todos os lados e conseguimos a interferência direta da Secretaria de Cultura a nosso favor. Recebemos oficialmente um prazo de 90 dias para entramos com a documentação requerendo a Concessão de Uso do Local, que regularizará definitivamente a ação. Durante o percorrer do processo teremos algumas reuniões importantes para definir o que vai acontecer daqui pra frente. A Equipe do Lab-Cidade Engenharia da USP está a disposição para elaboração do projeto arquitetônico e a Associação Paulista dos Gestores Ambientais em relação às propostas ambientais.
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